terça-feira, 23 de agosto de 2011

Os "Librinas"

Simão Antônio Marques é uma figura de grande importância na história da nossa cidade.
Ele ocupa espaço de destaque no panteão das grandes personalidades que contribuíram para que um simples povoado, do século XIX, se tornasse na nossa querida Barretos, cidade de gente guerreira, festeira e acolhedora.
Ocorre que ele é um dos fundadores da cidade de Barretos, tendo doado 20 alqueires de terras da sua fazenda “Monte Alegre”, ao patrimônio do Divino Espírito Santo, terras que deram origem a nossa Catedral marcando o desenvolvimento da vila ao seu redor.
Seus descendentes herdaram muito mais do que o sobrenome “Marques”, herdaram a sua força e a sua disposição para o trabalho, assim como a alcunha de “Librina”, apelido que Simão recebeu em vida e que foi repassado por gerações.
Grandes historiadores já eternizaram explicações curiosas sobre tal apelido, e aproveitando o trabalho primoroso dos nossos historiadores, transcrevo abaixo um trecho do livro “Álbum Comemorativo do Centenário de Fundação da Cidade de Barretos” (1954), publicado por Ruy Menezes e José Tedesco, como um presente a cidade de Barretos pelo seu centenário, que elucida a questão:

“Grande importância, também precisa ser dada aos Librinas, cujo cabeça, o sertanista Simão Antônio Marques, deve ser colocado em posição de grande destaque na história da fundação de Barretos.
Como vimos, veio ele, também, de Caldas Velhas, tão depressa quanto chegava, ali, o conhecimento de que Chico Barreto conseguira penetrar pelos sertões de São Paulo, obtendo posse de extensa área de terras.
Rezam as crônicas que se tratava de um caboclão enorme, de dois metros de altura, corado como se fora uma romã, gigantesco homem que, um dia, estando numa igreja a rezar, de joelhos, tanto se destacava em meio à multidão, sobressaindo sua cabeça sobre as demais, que o padre, do altar, gritou para ele - confuso, naturalmente - "Ajoelhe-se!..."
E continua a história: impressionado com aquele colossal caboclo, que contrastava, em tudo, com os demais, inclusive na côr rosada de seu rosto, já que o resto da caipirada era pálido como cêra, já agora à saída da réza, o padre lhe indagou das razões de tôda aquela exuberância e saúde.
- "São as librinas da manhã, seu vigário!" - explicou Simão Antônio Marques, referindo-se às "neblinas" das primeiras horas do dia, de qe êle madrugador inveterado, sabia aproveitar em benefício de seu físico.
O padre, irônico, na mesma hora, passou a tratá-lo por "Librina", apelido êsse que pegou e, como legado transmitido a tôda a sua descendência, que, até hoje se orgulha de pertencer à família dos "Librinas"."
(MENEZES, Ruy. TEDESCO, José, 1954, p. 7-8)

Referências:
MENEZES, Ruy. TEDESCO, José. Álbum Comemorativo de Fundação da Cidade de Barretos, 1954.

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