domingo, 31 de julho de 2011

Após um século o poema "A Escravidão" do Cel. Silvestre de Lima é recuperado



São Longuinho, São Longuinho, ajude-me a encontrar o poema “A Escravidão” do Silvestre de Lima e darei três pulinhos...
Estou há uma semana pulando de felicidade!!!

A alegria em encontrar algo considerado perdido é indescrítivel! Sempre tive grande admiração pelo Cel. Silvestre de Lima, 2º. prefeito de Barretos, figura curiosa e de grande influência na intelectualidade barretense.
Silvestre de Lima, fundou em 30/mar/1900, o primeiro jornal da cidade de Barretos e região,"O Sertanejo", que exerceu grande influência no pensamento dos cidadãos barretenses.
Por volta de 1878, cursou farmácia na Faculdade de Medicina, no Rio de Janeiro, onde conheceu José do Patrocínio, passando a integrar o grupo de poetas abolicionistas que usavam o poder das palavras para protestar contra o sistema escravocrata.
Importantes historiadores da nossa cidade já escreveram sobre o Silvestre, entre eles, o ícone: Osório Rocha, que em seu livro “Barretos de Outrora” (1954), traz ricas considerações sobre a aguçada sensibilidade e tenacidade do Silvestre de Lima: “[...] Silvestre dá vasão à sua mágua e revolta, no primeiro soneto, que foi um grito de protesto, uma profissão de fé, um programa jurado de luta em favor da raça escravizada, seguido à risca até a vitória em 1888”. (Pág. 213). Outro trecho relevante do livro de Osório trata especificamente da perda do poema que Silvestre nos tempos de universitário escrevera em defesa da causa abolicionista, trata-se do poema “A Escravidão”: “Naquele tempo Silvestre lança um poema “A Escravidão”, hoje completamente perdido, mas cujo respeito há referências das mais elogiosas na crítica da época e na lembrança dos que o leram” (Pág. 213). Outro trecho significativo: “Que pena, meus senhores que grande pena, Amigos de Barretos, terem desaparecido por completo, sem esperança alguma de serem encontrados, tais versos, para os guardares em relicário de ouro?” (Págs. 213-214).
Outro respeitável Historiador, Ruy Menezes, patrono do Museu, em seu livro “O Espiral – A História do desenvolvimento cultural de Barretos”(1985), retoma a tristeza pelo poema perdido: “No Rio, ao tempo em que estudava, deu ingresso no Jornalismo colaborando na “Gazeta da Tarde”, de Lopes Trovão, e, de grande amigo de José do Patrocínio, passou-se, de alma arrebatada, para as agitações de campanha abolicionista. Seu poema “A Escravidão”, que se perdeu totalmente, diz Osório Rocha que mereceu as melhores referências de crítica e Wenceslau de Oliveira o tinha em alta consideração, afirmando mesmo que igual aos “Latifúndios”, de Hipólito da Silva, outra obra prima, ele só conhecia, como poesia, a de Silvestre de Lima”.(Pág. 110).
Os trechos transcritos comprovam que Silvestre de Lima, participou das campanhas abolicionistas ao lado de nomes de grande projeção nacional, tais como, José do Patrocínio, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Tal informação me intrigou bastante. Intrigada, pus-me a considerar que uma pessoa que havia convivido e circulado entre poetas e conferencistas renomados, deve ter tido o poema publicado em alguma obra poética.
E, assim, teve início a minha busca. Atualmente, sou aluna de Pós-Graduação em Lingüística numa Universidade que dispõe de um considerável acervo de obras raras, virei uma “ratinha”... Mas, não logrei sucesso. Porém, não desisti. Passei a proceder a um levantamento de todas as antologias poéticas dos séculos XIX e  XX, e, felizmente, para a minha enorme alegria e contando com o empenho de funcionários da Biblioteca Nacional, encontrei os seus versos em um Dicionário Bibliográfico do início do século XX.
Evidentemente, Silvestre de Lima merece uma obra dedicada integralmente a sua memória e a tudo o que ele representou para o desenvolvimento intelectual dos primeiros moradores de Barretos.
Naturalmente, não ousarei fazê-la receando cometer erros, deixo a missão para os dignos Historiadores barretenses. Lembro-me de algumas palavras do Cel. Almeida Pinto que segundo Ruy Menezes, numa bem humorada resposta ao Silvestre de Lima respondeu-lhe em certa ocasião: que o amigo não devia meter o bico em seara alheia e respeitar-lhe o galinheiro. Recordo-me que se tratava de uma situação em que na ausência de Almeida Pinto, cronista oficial do jornal “O Sertanejo”, Silvestre de Lima havia publicado uma crônica em verso de sua autoria em substituição.
O que quero dizer é que me sinto feliz em ter conseguido recuperar o poema que ficou por mais de um século perdido. O resto é com os Historiadores...

Sueli de Cássia Tosta Fernandes


Abaixo para deleite dos apreciadores, transcrevo um trecho de uma carta onde o próprio Silvestre de Lima, lamenta o fato de não ter arquivado todas as suas poesias:

"Só agora é que compreendo o grave erro em que incorri, nada coligindo e guardando do pouso que a minha pobre musa me andou inspirando. Quanta cousa, de que hoje eu não tenho senão uma vaga e imprestável lembrança, eu deixei disperso aqui e ali, em jornais e revistas. No Rio, aqui, na capital, em Uberaba, em Bebedouro, onde quer que um editor de mim se lembrasse e me pedisse colaboração, lá estava eu sbscrevendo pelo menos um soneto. Concedi também muitos autógrafos, quando isso foi moda. Deste gênero, lembro-me de alguns, dos mais recentes, naturalmente, e hei-de ver se posso mais tarde enviar-lhe cópia"
Silvestre de Lima - 15 de outubro de 1938.


Referências bibliográficas:
ROCHA, Osório. Barretos de Outrora, 1954.
MENEZES, Ruy. O Espiral: A história do desenvolvimento cultural de Barretos, 1985.
Documentos do Museu.
Nota: os livros do Osório Rocha e do Ruy Menezes estão disponíveis para pesquisa no Museu.

Poema "A Escravidão" - Silvestre de Lima

Caríssimos amigos e aventureiros no desvelar da história das figuras interessantes da nossa Barretos... novidades curiosas sobre a biografia do Silvestre (fiquem atentos aos detalhes....), e, o famoso poema perdido por mais de um século...
Abaixo a transcrição das páginas 231 e 232, do Diccionário Bibliográfico de Sacramento Blake - Vol VII:

Silvestre Gomes de Lima

"Filho de Vicente Gomes de Lima e nascido em Ventania, Minas Geraes, a 31 de dezembro de 1859, fez na faculdade de medicina do Rio de Janeiro os dous primeiros annos do curso médico, mas não continou esse curso. Voltando a Minas, passou por um processo como cumplice num crime de assassinato. Foi um propagandista da abolição do elemento escravo, publicou trabalhos em alguns jornaes e escreveu:
 - A escravidão: poema. Rio de Janeiro, 1880, in-8º. São deste poema os seguintes versos:

                           O lar é o paraíso

Para aquelles que teem o grande sol do amor
Dourando eternamente o val do coração.
Que desgostos, ou trabalho, ou magua, ou pena, ou dor
Poderá resistir a douda tentação
De uma criança ideal, angelica, serena
Que nos beija ao chegar, com fervida effusão?
E ao filhinho juntae a uma mulher morena.

                          Doce como o luar,

Que nos falle de amor tão mansa como Christo
E eu vos perguntarei si depois de tudo isso,
Por acaso haverá crueis, pezar por mais profundo
Que num peito viril possam inda restar!


- Silvestre de Lima publicou muitas poesis em jornaes e tem outras ineditas. Collaborou para a America, o Combate e a Gazeta de Noticias do Rio de Janeiro e fez parte da redação das seguintes folhas:

- Gazeta da Tarde. Rio de janeiro, 1881, in-fol.
- O Binoculo. Rio de Janeiro, 1881, in-fol.
- O Mequetrefe. Rio de Janeiro, 1880 - 1881, in-4º.-Redige
- O Sertanejo. Cidade de Barretos S. Paulo, 1900 - 1901.
"

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Vestígios do tempo

Quem constrói a história?

NÓS. Todos nós, homens, mulheres, independentemente de idade, classe social, raça, credo, e grau de instrução, todos construímos histórias de vida. Juntos, fazemos a história da nossa comunidade e do nosso país.

Quem estuda o passado?

O Historiador. O profissional especializado no estudo do passado se chama HISTORIADOR. Ele investiga os acontecimentos do passado, por meio de vestígios, que são pistas históricas deixadas pelas pessoas. 

Quais são as pistas da história?

As pistas são chamadas de fontes históricas e estas podem ser: fontes orais, fontes escritas, fontes materiais e fontes iconográficas. As fontes orais são lendas, cantigas, depoimentos, entrevistas etc. As fontes escritas são cartas, cartões-postais, diários, agendas, documentos, jornais, revistas etc. As fontes materiais são objetos, móveis, construções, monumentos etc. As fontes iconográficas são pinturas, fotografias, desenhos, mapas, filmes etc.

Onde encontramos estas fontes?

No Museu. Os museus são lugares especiais onde textos, imagens e objetos históricos são guardados para ser estudado por historiadores e outros interessados.

No Museu "Ruy Menezes" você encontrará um pouco de cada uma das fontes descritas, se você quiser brincar de historiador e investigar algum acontecimento do passado da nossa cidade, será bem-vindo!

O nosso setor de pesquisa atende as 2ªs. Feiras e as 6ª.s Feiras das 9:00 às 12:00 e das 13:00 às 16:00 horas. 

Saiba que até numa visita ao Museu você poderá descobrir como as pessoas viviam no passado, os seus hábitos e costumes. Os objetos, as máquinas e até mesmo o prédio são vestígios do passado, o prédio do nosso museu é centenário e foi construído para sediar o Paço Municipal, você sabia? Isto foi em 1906, na administração do Dr. Antônio Olympio Rodrigues Vieira. A inauguração aconteceu em 15/Nov/1907. Como sabemos? Nós temos no acervo um convite para a inauguração. E são documentos como esses que nos ajudam a contar histórias. 

E você pode nos ajudar a contar outras histórias doando fotografias e documentos antigos!

Prof. Adão Carvalho

Exemplo de dignidade e força de vontade. Homem simples, negro, analfabeto aos 20 anos, superou todas as dificuldades impostas a uma pessoa de origem modesta. Bahiano mudou-se para Barretos em busca de melhores condições de vida. Aqui, exerceu a função de barbeiro, trabalhando com afinco. Interessado em progredir intelectualmente fez as séries iniciais junto com as crianças no Ginásio Municipal. Com extrema dedicação formou-se professor e advogado. Esforçado, aprendeu a tocar violino sozinho, transformou-se em um exímio violinista, e, ainda colaborou na formação espiritual de vários barretenses como pastor presbiteriano. Por ocasião de sua aposentadoria como professor, recebeu homenagem do Dr. Kalil Sales, em 1959, na "Gruta Baiana". Poeta de rara sensibilidade eternizou o seu modo de encarar a vida em belos versos que servem de inspiração para a juventude.

"A Mocidade"

Quem quiser possuir a sabedoria
     E na vida ostentar conquista:
     Consulte a voz da ciência, noite e dia
     Do mal que surgir, contra o bem, resista!

Quando a luz do sol, vivida, irradia
     E a natureza nos alegra a vista
     Adornada de fina louçaria
     Lembra o gênio de um sábio, de um artista! 

Estudar os mistérios de um rochedo
     Para lhe desvendar todo o segredo
     Descortinar a terra, o mar e os céus!

Relutar a favor da humanidade,
     Da justiça, da Lei, da Verdade:
     Como vive lutanto o próprio Deus!

Adão de Carvalho
Poema publicado em 05/07/1959 - Correio de Barretos.
NOTA: O VIOLINO INTEGRA O ACERVO DO MUSEU.

Mercado Municipal

Inaugurado na administração do prefeito José Amêndola Neto, em 1959.

"Estão finalmente concluídas as obras de construção do Mercado Municipal de Barretos. Resultou daí o enriquecimento do patrimônio arquitetônico da cidade que ganhou mais um amplo e majestoso edífico, além da possibilidade de considerar plenamente resolvido outro grande problema barretense qual era o da falta de um mercado que viesse favorecer, em bases mais eficientes, o abastecimento da cidade."
Transcrição de trecho publicado no Jornal "Correio de Barretos"(1959)- 01/Mar.- P. 01

quinta-feira, 21 de julho de 2011

BARRETOS – POLO REGIONAL DE MUSEUS

Barretos passou a ser Polo Regional de Museus e eu a sua coordenadora.
A criação do Pólo foi uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura, através do Sistema Estadual de Museus – SISEM/SP, e visa promover melhores entendimentos e o desenvolvimento de parcerias institucionais importantes na área de museus.
Contarei com o inestimável apoio do meu querido amigo Marcelo Augusto de Moraes, Secretário Mun. de Cultura de Monte Azul Paulista.
A nossa missão será promover a interlocução dos 19 municípios da 13ª. Região administrativa com o Estado.

Integramos o circuito oficial de museus do Brasil

Em recente publicação do Ministério da Cultura, o Guia dos Museus Brasileiros, que mapeou 3.000 museus, o Museu Histórico, Artístico e Folclórico "Ruy Menezes" se faz conhecer ao grande público através da pág. 280.


Ao Brasil, seus museus

"Mais do que casas da memória, museus são casas da vida de um país. Espaços que assumem cada vez mais sua função junto à população, enquanto casas de conhecimento, vivência e transformação. O brasileiro precisa de museus que sejam verdadeiramente seus, capazes de relacionar uma nação consigo própria, cada pessoa com ela mesma, nosso passado e nosso futuro. O Ministério da Cultura tem trabalhado para isso, por meio do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), para que esses espaços sejam, de fato, do Brasil, apropriados por todos os brasileiros.
Não faz muito tempo, museus eram vistos como instituições aristocráticas, distantes do povo, reservados aos "iniciados". Aos poucos, isso começa a mudar, os museus se fortalecem como espaços mais próximos da população, que não precisam apenas existir para serem públicos, precisam também interagir; não só abrir portas, mas também abrir caminhos.
Uma série de fatores explica essa mudança, como a diminuição das desigualdades sociais e o início do processo de democratização da cultura, que marcam a vida recente do nosso país. Além disso, essas instituições também se multiplicaram, se modernizaram e ampliaram o seu repertório.
O Guia dos Museu Brasileiros que agora tornamos disponível é o primeiro fruto deste trabalho. Ele traz à tona a diversidade museal brasileira e aponta para um crescimento expressivo do setor.
As páginas a seguir trazem informações sobre ano de criação, situação atual, endereço, tipologia de acervo, acessibilidade, infraestrutura para o recebimento de turistas estrangeiros, horário de funcionamento e natureza administrativa de todos os museus já mapeados pelo Ibram em território nacional.
Mais de três mil museus hoje prontos para serem seus".
Esta é a mensagem da Ministra da Cultura, Ana de Hollanda, no prefácio do Guia dos Museus Brasileiros.


domingo, 3 de julho de 2011

Alunos de Jaborandi visitam o Museu








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