quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A HISTÓRIA DO RETRATO NO BRASIL

No Brasil, a história do retrato começa no século XIX, depois da chegada de D. João VI ao Rio de Janeiro. Em São Paulo os barões do café, ao encomendarem seus retratos, queriam visível a posição social que haviam conquistado. O retrato do homem ficava na sala de visitas.
Já na virada do século XX, com a europeização da nossa sociedade, era a dona da casa, com seu traje elegante, quem enfeitava o ambiente. O retrato masculino, agora relegado aos escritórios, repartições e instituições, destinou-se ao registro das personalidades políticas.
Nos retratos masculinos, o modelo adotava pose elegante, sentado em alguma poltrona, as pernas cruzadas e o olhar fixo, o que lhe dava uma feição séria e grande autoridade. O traje, geralmente escuro, manifestava status.Também era hábito representar a figura de corpo inteiro e até mesmo em seu tamanho natural.
Por meio dos retratos podemos avaliar as qualidades artísticas do pintor, estudar a sociedade a que o retratado pertence, o papel que nela representa, enfim descobrir elementos que nos ajudam a compreender o modo como essa sociedade se desenvolveu através dos tempos.
Para nossos artistas, fazer retratos tornou-se um meio importante de sobrevivência. Com o tempo, quase toda casa burguesa fazia questão de colocar em sua sala de almoço uma natureza-morta e, na sala de visitas, um retrato. Quando não podiam pagar o preço de um quadro a óleo, satisfaziam-se com um retrato feito a crayon.
Muitos artistas os pintaram, mesmo quando não era esta a sua vocação. Pedro Alexandrino (1864-1942), especializado em natureza-morta, não deixava de aceitar encomendas de retratos, embora jamais fizesse uma obra da qual não pudesse se orgulhar. Almeida Jr. (1850-1899), ao contrário, admitiu que fizera retratos que não mereciam a sua assinatura, mas precisava viver, por isso os pintara. Oscar Pereira da Silva (1867-1939), outro retratista de destaque, saía-se bem neste gênero, obtendo o máximo de semelhança com o modelo.As gerações de artistas que se seguiram não abandonaram o trabalho de fazer retratos. Alguns, como Paulo do Valle Jr. (1889-1958), Campão (1891-1960) e Lopes de Leão (1889-1964) também se tornaram muito conhecidos.
No começo do século XX foi grande o número de pintores estrangeiros, especialmente italianos, radicados no Brasil. Além de se dedicarem à pintura da paisagem, foram professores dos novos pintores que surgiam e fizeram excelentes retratos. Os mais famosos, na época, foram Carlo de Servi e Pietro Strina. Um grande número desses pintores viajantes realizou exposições de quadros de gêneros, paisagens e retratos.
Muitos deles permaneciam por tempos entre nós, para executar encomendas que, quase sempre, eram de retratos. Assim, Angelo Cantú veio ao Brasil pela primeira vez em 1913, tornou-se conhecido, voltou várias vezes. Fez o retrato de Freitas Vale e do amigo Pedro Alexandrino.O espanhol Agostim Salinas chegou em 1910, trazendo quadros seus e de seu irmão Pablo.
Eram quase sempre cenas de costumes. Voltou mais cinco vezes, tão apreciadas que foram as suas pinturas e os retratos que aqui executou. Muitos franceses também nos visitaram. Gabriel Biessy e Henry Royer, este último professor de Paulo do Valle Jr. e de Campão. Em 1928 viria Cyprian Boulet.
Esses estrangeiros abocanhavam grande parte das encomendas de retratos, para desgosto dos pintores da terra, que se revoltavam contra o preconceito que existia pelo seu trabalho e pela preferência por tudo que era de fora. Esta foi a razão por que muitos de nossos pintores fizeram os maiores esforços para estudar no exterior. Depois voltavam, pintando como um francês ou italiano.
Texto extraído do portal do Governo do Estado de São Paulo, disponível em:

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